A PRIMEIRA LÁGRIMA


Sob a pressão das pálpebras contida
Numa expressão de dor transfigurada
Presa no peito arfante, comprimida
Vislumbra os cílios da alma torturada

E quando encharca, enfim, toda a retina
Mas, impotente, temente à explosão
Agora equilibrista e bailarina,
Sustenta-se em dorido esforço vão

Mas quando o jorro da emoção vence a razão
Brota a primeira lágrima, calada
Vertendo a dor que nasce ao coração

Desaba, pela face, aliviada
Clareia e desabafa a alma magoada
E uma só gota, agora, é turbilhão!


Oldney Lopes©