Intimidades

Ninguém conhece o coração alheio;

O sofrimento que lhe dilacera;

O quanto de amargura ele está cheio;

O quanto de tristeza ele encarcera.

Ninguém tem compreensão, ou qualquer meio

De ver o quanto a angústia se aglomera

Em outro coração; e o quanto é feio

O interior sombrio que nele impera...

O rosto não revela o que se passa

Dentro das almas frágeis e indefesas:

O ódio, a mágoa, a dor ou a desgraça...

Ninguém traduz nos olhos as fraquezas.

O lago que se mostra em plena graça,

Esconde um lodaçal nas profundezas.

Hélio Cabral Filho
Enviado por Hélio Cabral Filho em 29/04/2013
Código do texto: T4265148
Classificação de conteúdo: seguro