Intimidades
Ninguém conhece o coração alheio;
O sofrimento que lhe dilacera;
O quanto de amargura ele está cheio;
O quanto de tristeza ele encarcera.
Ninguém tem compreensão, ou qualquer meio
De ver o quanto a angústia se aglomera
Em outro coração; e o quanto é feio
O interior sombrio que nele impera...
O rosto não revela o que se passa
Dentro das almas frágeis e indefesas:
O ódio, a mágoa, a dor ou a desgraça...
Ninguém traduz nos olhos as fraquezas.
O lago que se mostra em plena graça,
Esconde um lodaçal nas profundezas.