Soneto do Desamor
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Estou chorando, tu também estás;
E nos pomos mortalmente feridos;
E nos bradamos tantos impropérios;
E ficamos pra sempre magoados;
Eu te xingo e tu me xingas: não mais...
E nossos corações estão fremidos;
E matamos nossos sonhos etérios;
E rasgamos nossos planos traçados;
Todos devem está mortos amanhã:
Eu, tu, e esta taciturna história;
Tudo deve passar... e se extinguir.
E não há qualquer esperança vã;
E não existe gosto algum de vitória;
Só há uma angústia a nos consumir!
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Eu seguirei meu caminho sozinho,
E tu, igualmente, seguirás o teu:
Caminhos diametralmente opostos,
Sobre esta girante esfera de terra...
De certo, algum dia nos cruzaremos,
E nosso peito fremirá de súbito...
E talvez nos perguntemos por quê;
E a nostalgia? E a dor? E o medo depois?
Por instantes nos entreolharemos,
Até que nossos passos nos afastem,
E um nó sufocará nossa garganta!
Nos perderemos outra vez de vista;
Devo chorar, suponho que tu também;
E no coração um vazio nos subsistirá.