DO ANJO NEGRO III - CHORO
Um frio que já bate há tanto tempo,
Um repetido sentir de mim e vasto,
O alcance desse olhar pachorrento,
Meus horizontes e linhas não traço.
Vagas noites, lumes de mim, escuras,
Que a lua sorrir qual a quem debocha,
Dessa prostrada e inquieta figura,
Sou eu pesado, recostado na rocha.
Qual anjo caído sem céu, sem asas,
Do antigo voo de alegrias e graças,
Agora ferido contando seus medos.
Em leito, reza em sua cova mais rasa,
Implorando final de dor que não passa,
Ao passar de lágrimas entre seus dedos.