Garimpeira 
 
Por conta de um amor imorredouro,
verseja tudo o que lhe vem na mente,
teimosa e aflita, pálida demente,
que busca no passado o seu tesouro;

nos veios das lembranças, busca o ouro,
no fundo da bateia reluzente,
como jamais o fez qualquer vivente,
aqui, ali ou d’outro logradouro.

Escava o tempo com as unhas, dentes,
até que as carnes sangrem já dormentes,
buscando, para si, felicidade.

E não encontra, nunca, uma pepita,
mas segue a garimpar, sozinha e aflita,
a inesgotável lavra da saudade.
 
Brasília, 18 de Abril de 2013.
Sonetos Diversos, pg. 104
Sonetos selecionados, pg. 38
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 18/04/2013
Reeditado em 19/06/2020
Código do texto: T4246774
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