Uma flor no relicário

Quisera mitificar a flor de Drummond,
Aquela que desvencilha o anêmico concreto
Na memória, reluzida, sua magnitude de neon
Feia, áspera, persistente, de robustez discreta

Quisera poder apagar da fatídica história
A ébria rosa radioativa, titubeante de adrenalina
Cúmplice da insolente guerra sem vitória
Sobejante do alastro cruel dos céus de Hiroshima

Flores sazonais, compiladas, enfeitam jardins
E,regadas à futilidade,viram celebridades instantâneas

O baú fechado abriga, também, várias flores sem fins

Olvida-se da semente,usa a torpeza da mãe que não se zele
Repleto de apologias e silogismos com parcimônia
Guarda-se a sensata poesia em nervos à flor da pele.






Renata Rodrigues
Enviado por Renata Rodrigues em 17/04/2013
Código do texto: T4245078
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