"Cantando o passado"
Intimidei-me diante do Paraíso quebrado
relutei nas frestas desse sonho desfeito
desfiz as memórias torturantes
passado sem volta, desfigurado e esmaecido
Jaz em mim como rota não percorrida
apenas carrego de ti as pedras atiradas
deixando a base feita no final do percurso
chamo-te de abandono que voa, em asas minhas
Soltei-lhe como solta a mãe ao filho
ali no parto entre contrações doridas, mas findas
deixando o prazer do rebento a mim sorrir
Sorria agora ventos todos que sopram
das amarras carrego cordas atadas a sonhos
em real vida leve, livre e solta de um novo porvir
- Kátia Golau Cariad -