AGASALHO
E tu ataste meu destino em teu novelo,
desenrolaste a lã na sala de teus planos.
E eu preso à fibra fina, eu fio e nu em pelo,
fui me espalhando no recinto com meus danos.
Depois juntaste o emaranhado, sem desvelo,
e me teceste em veste quente, em teus profanos
comportamentos insensíveis (puro gelo)!
E eu, agasalho que aquecia-te os enganos...
Passado o tempo, minha fibra, meu destino
perdeu o viço, todo o brilho, toda a graça
para teus olhos, o teu corpo, tua estrada...
Então, despiste tua sina do meu tino
e meu calor já não te serve, não te abraça.
Eu, peça velha na gaveta, embolorada...
(Primeira publicação em 23 de julho de 2011)