Soneto das pingadas II
Hoje escondi um livro no porão
Justaposto as minhas noções colegas
Aquelas mimadas tranqueiras a cegas
Que jaz não as leio então ali ficarão
Para envelhecer o bruto que desocuparão
As estantes que em penhor hão de chorar,
A persiana vazante luzente que há de orar;
Num clamor alto entristecido cantarão
Um sonetinho em memória do falecido
Livreco que não era bobo nem feio o livrinho
Só poupava lembrança que tinha esquecido
Então o joguei a meado do antigo ninho
A escuridão larga dum porão destemido
Acreditando na morte anêmica do coitadinho