ARDENTE AMOR QUE TANTO DILACERAS
Ardente amor, que tanto dilaceras;
No desespero meu, trago este pranto;
Que trazes por demais um negro encanto,
Triste destino o meu, vida em esferas.
Sentimento gentil, que mais esperas?
Levas-me a ver tão sóbrio, este manto;
Vida em que já nem sonho nem levanto,
Esperança perdida, que mal deras.
Deixei-me conduzir em ilusão;
Fruto de amor tamanho do desejo,
Agora mais eu pago a punição!
Duro meu génio, deste próprio ensejo;
Tornou-se num castigo em tal prisão,
Que me resta a lembrança, que te vejo!
ANGELO AUGUSTO