Pombas brancas
Pombas brancas
Caçador
Teus seios, duas pombas prisioneiras
Inquietas, a tremer, demais aflitas,
olhando a vida por detrás das chitas,
sonhando se aninhar lá nas mangueiras;
duas pombinhas, lindas e benditas,
pequenas, brancas, por demais faceiras,
que espreitam-me discretas, sorrateiras,
silentes, feito duas eremitas.
Em riste os bicos, sempre estão famintas,
e embora sejam, ambas, mui distintas,
vivem a sonhar com beijos e carícias.
Será que um dia vão voar libertas
por entre os vãos das chitas entreabertas,
e conhecer, do amor, suas primícias?