Frias Luvas
Não quero amor perto estar da rasa cova
Aberta sob aguaceiro da torrente chuva
Rios tom carmim expelidos pela fria terra
Leito negro destinado às almas em guerra
Putrefatos esquifes libertam valas novas
Tumbas tomadas por colmeias de tujuvas
Impiedosos sepulcros a esperança encerra
Réquiem solitário implora tristonhas velas
Desnorteado diante de desmedida prova
Aperto freneticamente esgarçadas luvas
Vestirei tuas mãos inertes para o cortejo
Contemplo-a incapaz de dizer uma trova
Desesperado apalpo petrificadas curvas
Sorvo alucinado o gosto do último beijo.
Ana Stoppa