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Frias Luvas 


Não quero amor perto estar da rasa cova

Aberta  sob  aguaceiro da torrente chuva
Rios  tom carmim expelidos pela fria terra
Leito negro  destinado às almas em guerra

 
Putrefatos  esquifes libertam  valas novas
Tumbas tomadas  por colmeias de tujuvas
Impiedosos sepulcros a esperança encerra
Réquiem solitário implora tristonhas velas

 
Desnorteado  diante de desmedida prova
Aperto freneticamente  esgarçadas   luvas
Vestirei tuas  mãos  inertes para o cortejo

 
Contemplo-a  incapaz de dizer uma trova
Desesperado  apalpo   petrificadas curvas
Sorvo alucinado o gosto do último beijo.


Ana Stoppa


Ana Stoppa
Enviado por Ana Stoppa em 03/04/2013
Reeditado em 03/04/2013
Código do texto: T4220969
Classificação de conteúdo: seguro
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