O ateu
Recordo a obstinada criancinha,
Coraçãozinho sem reprovações...
Nas missas aos domingos, sentadinha,
Mãos postas, a fazer suas orações.
A alma tão ingênua, tão “branquinha”,
As tímidas, temidas confissões;
Ficava ali atenta e quietinha,
Ouvindo as homilias e os sermões....
... Depois que conquistou a sapiência,
Perdeu-se, com o seu barco da ilusão,
Nos mares conturbados da ciência...
O ex-menino é hoje só razão.
Deixando Deus dormir nessa inocência,
Nas sombras do seu próprio coração.