SONETO DA FOME

Se do homem a fome rouba a liberdade,

Como cobrar do faminto honestidade?

O ronco estomacal vence a voz da consciência.

Maior indecência é sua não saciedade.

A fome bestializa, embrutece, maltrata,

Tira a saúde, a energia vital, e mata.

A fome não resulta de lei natural,

É criação humana, assim como a guerra.

Erradiquemos primeiro esse primeiro mau,

Nem que tenhamos de guerrear pra matá-la.

Depois o deitamos bem fundo sob a terra.

“A fome não é exigente: Basta contentá-la”,

Assim disse Sêneca, o estóico, sem gula.

Basta ter algo diário que se engula.

Pedro Cordeiro
Enviado por Pedro Cordeiro em 28/03/2013
Reeditado em 29/05/2013
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