AS POMBAS

Oh, pássaro inimigo, esfomeado, tentação!

Roubas do meu querido louro toda comida;

Cansado ele está a resmungar: não! Não, não,

Mas tu não importas! Cadê a sua educação?

Todas as manhãs e tardes tu vens e pousa aflita

Para ajudá-lo saborear todos os deliciosos grãos;

Ouço inconformada o espalhafato. Ele briga, grita

Ao ver os casais esfomeados chegando de montão.

Já não sei o que faço! É tamanho o desespero!

Meu louro é meu xodó e a pomba esfomeada

Rapa todo o alimento dietético e sem tempero.

Com o papo bem cheio, despedi-se na bicada.

Santo Deus! Dê ao meu louro a consciência

Para aturá-las com caridade e com paciência.

DIONÉA FRAGOSO

Dionea Fragoso
Enviado por Dionea Fragoso em 24/03/2013
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