AS POMBAS
Oh, pássaro inimigo, esfomeado, tentação!
Roubas do meu querido louro toda comida;
Cansado ele está a resmungar: não! Não, não,
Mas tu não importas! Cadê a sua educação?
Todas as manhãs e tardes tu vens e pousa aflita
Para ajudá-lo saborear todos os deliciosos grãos;
Ouço inconformada o espalhafato. Ele briga, grita
Ao ver os casais esfomeados chegando de montão.
Já não sei o que faço! É tamanho o desespero!
Meu louro é meu xodó e a pomba esfomeada
Rapa todo o alimento dietético e sem tempero.
Com o papo bem cheio, despedi-se na bicada.
Santo Deus! Dê ao meu louro a consciência
Para aturá-las com caridade e com paciência.
DIONÉA FRAGOSO