SÍSIFO

Que seja bela a face do inimigo

Assim como do joio o trigo nasça

E veja na verdade toda farsa

E espreita onde persiga o que persigo

Galgando a servidão como um castigo

Olhando pelas fendas que se espaça

Buscando no devir que se esfumaça

Nas ondas do meu ser já sem abrigo.

A fé pôs as montanhas no caminho

E em todos os meus passos pedregosos

E o sal que vira pó sob o moinho

Desfaz a pedra abrupta das essências

Que tudo é tanto ou mais que reticências

Que fura o ser-estar dos orgulhosos.

Dudu Oliveira e Vitor Silva