Soneto da partida
(ou do reencontro)
 
Sozinho na estação a minha hora
Espero calmo, imune à dolorosa
Angústia dos que partem com a aurora,
Nos braços de mulher tão misteriosa.
 
Aonde me levarão? - paira-me a dúvida.
Para a luz do paraíso ou ao sepulcro
Mais escuro, por minha morte súbita,
Cavado em tão profundo e agreste sulco?
 
Eis que da noite densa irrompe o trem,
Iluminando o breu da gare fria.
Deixo os restos, embarco sem ninguém;
 
Vou reencontrar-te linda na alva túnica,
Aureolada em plácida alegria
De seres toda minha, pra sempre e única.


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N. do A. - Na ilustração, Mulher Angélica de Pino Daeni (Itália, 1939 - EUA, 2010).
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 20/03/2013
Reeditado em 26/08/2021
Código do texto: T4198167
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