Soneto da partida
(ou do reencontro)
Sozinho na estação a minha hora
Espero calmo, imune à dolorosa
Angústia dos que partem com a aurora,
Nos braços de mulher tão misteriosa.
Aonde me levarão? - paira-me a dúvida.
Para a luz do paraíso ou ao sepulcro
Mais escuro, por minha morte súbita,
Cavado em tão profundo e agreste sulco?
Eis que da noite densa irrompe o trem,
Iluminando o breu da gare fria.
Deixo os restos, embarco sem ninguém;
Vou reencontrar-te linda na alva túnica,
Aureolada em plácida alegria
De seres toda minha, pra sempre e única.
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Espero calmo, imune à dolorosa
Angústia dos que partem com a aurora,
Nos braços de mulher tão misteriosa.
Aonde me levarão? - paira-me a dúvida.
Para a luz do paraíso ou ao sepulcro
Mais escuro, por minha morte súbita,
Cavado em tão profundo e agreste sulco?
Eis que da noite densa irrompe o trem,
Iluminando o breu da gare fria.
Deixo os restos, embarco sem ninguém;
Vou reencontrar-te linda na alva túnica,
Aureolada em plácida alegria
De seres toda minha, pra sempre e única.
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N. do A. - Na ilustração, Mulher Angélica de Pino Daeni (Itália, 1939 - EUA, 2010).