Bis.

Abro o caderno, rabisco a folha

É dúvida a escolha: soneto ou poesia?

Que chore ou que ria, acendo essa palha,

E o calor entalha, no meu verso, a agonia.

Não quero porfia entre acerto e falha

Afio a navalha que corta a heresia

É sempre mania que a rima me acolha

Espoco essa bolha, solto a simpatia.

Palavra, iguaria, alimenta meu verso

Ainda que inverso, sem muro ou mestrado

Não fico de lado, sou galo de rinha

É vontade minha, mas olhe, eu confesso:

Tropeço e levanto, é agonia e tanto...

Mas, por enquanto, me quedo ao soneto.

JRPalácio

Da doce porfia também sou devoto

Não posso negar o apreço que tenho

Feitiço ancestral mesmo sendo remoto

Me prende nas graças de sutil engenho.

Cedendo ao prazer que ganhou o meu voto

Envolto em magia, do resto eu desdenho

Queimo a adrenalina neste terremoto

Busco a perfeição e o bom desempenho.

Confesso por fim, seja carma esse gosto

Feliz eu me entrego e disso me ufano

Nestas viravoltas porém o meu dano.

Descubro a loucura que num pressuposto

Deixa-me à mercê de redil profano

Mas amo o soneto e nunca me engano.

ANA MARIA GAZZANEO

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 15/03/2013
Reeditado em 16/03/2013
Código do texto: T4190041
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