Idealismo
Augusto dos Anjos
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo
O amor na Humanidade é uma mentira.
E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?
Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
— Alavanca desviada do seu fulcro —
E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!
Realismo
Edir Pina de Barros
Falo de amor, mas tu não crês em nada,
no Amor, que para ti é uma mentira,
na força da paixão que em mim transpira,
tornando-me mais triste e mais calada.
Por ti, bem sei, jamais serei amada,
porque em teu peito corre o fel da ira,
que amarga os dias meus, a tua lira
e corta os sonhos meus com fina espada.
O amor, na Humanidade, é tão diverso,
e sabe amar, também, a Messalina,
que vende o próprio corpo em cada esquina.
Cantemos, pois, o Amor, sem preconceito,
o amor plural, perfeito ou imperfeito,
em cada trova, cada prosa e verso.
Brasília, 15 de Março de 2013.
Livro: ESTILHAÇOS, pg. 46
Augusto dos Anjos
Falas de amor, e eu ouço tudo e calo
O amor na Humanidade é uma mentira.
E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.
O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?
Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
— Alavanca desviada do seu fulcro —
E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira,
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!
Realismo
Edir Pina de Barros
Falo de amor, mas tu não crês em nada,
no Amor, que para ti é uma mentira,
na força da paixão que em mim transpira,
tornando-me mais triste e mais calada.
Por ti, bem sei, jamais serei amada,
porque em teu peito corre o fel da ira,
que amarga os dias meus, a tua lira
e corta os sonhos meus com fina espada.
O amor, na Humanidade, é tão diverso,
e sabe amar, também, a Messalina,
que vende o próprio corpo em cada esquina.
Cantemos, pois, o Amor, sem preconceito,
o amor plural, perfeito ou imperfeito,
em cada trova, cada prosa e verso.
Brasília, 15 de Março de 2013.
Livro: ESTILHAÇOS, pg. 46