Soneto ao vento
Hoje a noite estreou estrelada,
Começou no ocaso e foi-se à madrugada.
Na varanda da casa com meus medos,
Sigo margeando segredos.
Embalado, por uma solidão acompanhada.
Uma taça de vinho puro, como o mais puro beijo.
Aquece este carpinteiro, que está às passadas.
Passa a levar nuvens, sem rastro, não me queixo.
Olhando os dedos a tocar as letras cansadas.
Assovios, salgados perfumes invadem o ilhéu.
Uma réstia de negrume entre os piscares no véu.
Um calor sem costume nesse aroma costeiro.
Ténue claridade, implora carona ao carpinteiro.
Segue proscrito a dedilhar pelo tempo resto.
Sonha! Sonha alto! Faz do sopro ligeiro,
Fugaz mensageiro, semeando versos.
Semeia versos, como se lhe fosse o primeiro.