A MOÇA DA JANELA
Aquela bela moça na janela,
Nunca se cança a olhar pela rua,
Que por la vão passando quase nuas,
Moças que são vaidosas e tão belas.
Na sua vidinha pura e tão singela,
Tão presa está no seu mundo da lua,
Porque a verdade que é sempre nua crua,
Crê, não será feliz qual Cinderela.
Aquela bela moça de alma nobre,
Tão bela e pura, toda recatada,
Sente-se vil, por ser assim tão pobre.
Se sendo às asavessas, seu conto de fadas,
Isso porque lhe faltam alguns cobres,
Todas janelas e portas foram-lhe fechadas.