Soneto à seca
No deserto macabro o vento passa
Arrastando uma folha sobre o chão
O urubu como tosco espertalhão
Toma conta do resto da carcaça
O cachorro faminto busca a Caça
Que outrora existiu nesse rincão
Onde o monstro cruel da solidão
Espalhara o remorso da desgraça
Sobre o solo despenca a pobre rês
O vaqueiro comenta a rapidez
Da fome bombástica que devora
Vendo o campo bastante desolado
O caboclo roceiro vende o gado
Se despede da terra e vai embora
Soneto de autoria do poeta e ex-repentista russano Antonio Agostinho, hoje homem dedicado às letras.