AGORA
Agora, nas minhas mãos, é o teu cheiro.
É o que colhi do teu corpo entregue
às minhas mãos. Ainda que eu negue,
passaria minha vida nele por inteiro.
Agora, no meu corpo é tua lembrança
de pele, teu sussurro, a confissão.
Dois corações feito criança
dizendo sim e o medo dizendo não.
Agora, na minha alma, é tua perda.
O amor à direita, a tristeza à esquerda.
A verdade se impondo isenta.
Viverei sem ti tardes tristes,
visitarei noites em que não existes.
Serei eu antes, bem antes dos sessenta.