O BARCO
Lá no horizonte, um barco indiferente a tudo, desliza
no tapete azul do mar confundindo-se com o azul do céu,
quem sabe carregando alguém com suas lembranças,
lembranças talvez de um lírio entre abrolhos.
Insensível a tudo que se possa imaginar, ele vai até
muitas vezes, trafegando em meio a tempestades ou
em um gélido inverno, demonstrando ter sido um intrépido
e ambicioso aventureiro em sua missão...
Sem deixar-se entrever, quiça em seus rotos mastros esteja
tremulando uma bandeira em tênue véu, uma auriflama
que esvoaçou tempo atrás como bandeira de guerra...
Hoje solitário, seus fragmentos demonstram um
mastro com sebo, que ainda exibe em seu topo os não
reclamados prêmios, iguais aos meus que lá foram esquecidos ...