Meu bolo
Meu bolo
(Um alexandrino, para variar)
Já não existe trigo como antigamente.
Embora eu tente, o bolo nunca sai perfeito.
Eu faço com capricho, porém não tem jeito,
sai tudo errado, sola, não fica atraente.
Tudo bem com o forno, sempre muito quente
como o sangue que corre dentro do meu peito.
Fermento novo e a forma também sem defeito,
talvez a ansiedade é que atrapalha a gente.
Tomo conta demais, devo deixar rolar,
porém perder meu tempo eu não vou mais agora.
Se eu abro o forno, sola, mas preciso olhar.
O bolo que se dane, que eu vou mundo afora!
Pois já que não dá certo, é só pra apoquentar,
eu vou jogar, prometo, todo o trigo fora.
Gilson Faustino Maia