SONETOS EM DIÁLOGO

1. SONETO TRISTE


As dores que chorei na triste infância
Deixaram-me estas marcas tão sentidas.
As lágrimas choradas com constância,
Levaram-me a ser sempre incompreendida.

Ao longo desta vida empedernida,
Entendo com tristeza e grande ânsia,
Que as mágoas que senti quando criança,
Estão comigo aonde vou na vida.

Mas todo o sofrimento do passado,
E alguns poucos momentos de melhora
Com noites de insônia intercaladas

Me fazem perceber em boa hora
Que as dores que passei, amarguradas,
Me fazem ser o ser que eu sou agora.


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E agora, transcrevo abaixo o soneto do amigo poeta Lúcio Monteiro Gama, que "conversa" com meu Soneto Triste:


2. PRIMAVERA AZUL

 

O ser que és tu agora, minha amiga,

Não é ainda o ser que tu serás.

Por que é que insistes em olhar pra trás

Sem ver a placa à frente dizer: Siga! ?

 

Ou imaginas que se sofre em vão

Quando do seu porvir se está seguro?

Conserva os olhos fixos no futuro

Que concebeste no teu coração.

 

Não penses ser a morte um empecilho

Pois tens como vencê-la, à luz do Filho,

Que a direção te dá, de norte a sul.

 

Podes fazer, se queres, de tua vida,

Por mais que tenha sido ela doída,

A tua eterna Primavera Azul.

 

(Interação ao "Soneto Triste", da poetisa Primavera Azul)

Lúcio Monteiro Gama

 

Enviado por Lúcio Monteiro Gama em 05/02/2013

Reeditado em 21/02/2013

Código do texto: T4124055 

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