A MÁGOA

A mágoa gotejada todo dia

na sina do vivente humano triste

a torna aos poucos charco de agonia,

um páramo alagado de ódio em riste.

Sufoca, pesa tanto a algoz sombria,

macula o raio sol que bravo insiste,

o envolve, cega em plúmbea letargia

candente a derreter o alvor que existe.

E nessa lama férvida, faminta,

engole-se emoções florais, amenas;

é tudo escuro, podre pela frente.

A mágoa mata e acorda a vida extinta...

Reacende e apaga a luz em novas penas...

Um ciclo de penúria permanente...