Epitáfio
Jaz aqui o poeta encovado imortal,
Que viveu numa vida, e noutra não:
Numa ele inda vive como um mortal
E noutra ele mora nesse caixão!
Vive ele nas palavras e nos poemas
Escritos durante sua outra vida,
Já falecida ante as Dores Supremas
Descrita em seus versos de despedida.
Fez poesias tal como esse epitáfio,
Com o que ele era, mas não revelava!
Foi sempre amargo e frio e rude e sáfio
Com qualquer um, e por isso criava
Um mundo próprio, que permaneceu;
E a vida real, não viveu nem morreu!