Martírio

Nestes horrores que abalam meu instinto

Eu sinto a dor com sua fibra escarlate

Penetrando o meu cérebro que abate

A ínfima ânsia de um gozo mais faminto.

À mesa com um resto de absinto

Ouço um barulho de uma porta que bate;

Não há maior tormento que maltrate

Mais que estas alucinações que sinto.

E eu como que perdendo o oxigênio

Foge-me o fôlego e a luz de tungstênio

Me ofusca pra aumentar o meu delírio...

No equilíbrio, transgressão e desatino

Balbucia a voz cruel do meu destino

A canção sempiterna do martírio!