Amor
Ó, sublime sentimento de louco,
Tu és escravo dessas carnes mecânicas,
Dessas cadeias de celas orgânicas;
Elas que te enlouquecem pouco a pouco!
Tu és esse cantor surdo e cego e mouco
Que inda canta numa prisão tirânica,
Já sanguinolenta de tua vulcânica
Voz metrômica e pulsante de rouco!
Mas de que vale, sem ti, tua prisão?
Um homem que usa somente a razão,
Não ama, e tem asas que não se alargam!
Antes que seja, então, um corpo morto
Ou com a inconsciência como conforto,
Pois as almas que não amam, amargam!