Menor
De quando fui menino ainda resta
Uns livros, uns rabiscos, a saudade
Do límpido frescor das velhas tardes,
De minha avó beijando-me na testa.
À noite de domingo ainda empresta
O breu da solidão uma metade
Da paz de quando humano de verdade
O peito via em tudo grande festa.
Cresci. Morreu de mim (por baixo) um terço
De risos, de contentamento próprio
E um terço mais por recusar meu berço.
De quando fui menino sinto falta
Cresci mas vejo o mundo do meu ópio
Pois a felicidade é muito alta.