Ocaso de um deus (Wagner Ribeiro)
Antes que cubra o musgo toda a fronte
Do velho deus, no templo abandonado
– ele que pela voz grave do arconte
Há de ser para sempre degradado.
Antes que sobre as águas do Aqueronte
Seja pelo barqueiro transportado;
Antes que seu espírito remonte
Às origens, nas brumas do passado;
Um sacerdote adentra-se, moroso,
E no olhar baço, outrora esplendoroso,
Um traço busca, em vão, da excelsa glória.
Também vivendo o ocaso dos seus anos,
Cético de prodígios e de arcanos,
Descrê dos deuses para crer na História.
***Com a devida autorização, compartilho o soneto do intelectual sergipano, meu amigo, Wagner Ribeiro.