Argueiro
Numa centelha trepida a qual rebentou-se de teus lábios
Como gota apoucada que se rebenta por sobre um balde
Fez de ti gosto e dissipou-se donde tudo me é debalde
Nada me resta, não me consola a explicação dos sábios
Foste tão pequena a mim com seu deu tal vastidão?
Seria formiga entre os campos verdejantes sem fim
Mais parece ao ser como a carne cauta no aguilhão
És uma pequena ferida que se fez lepra em mim
Não me darei á praga sorte de emboscar em ti descanso
Tento uma cura, para de tuas arestas n’alma desvincar
Enfermiço, ira-me o mundo, a alma cova, o corpo tanso
E fica a alma, á sorver a dose, desde o dia que de ti se deu
Donde embebes desgosto perdulário, faz-me dor apurar
E mancha a lembrança, dado ao desamor, se empardeceu.