SAUDADE, uma filha que nos é tão grata!
Dispomos, na Língua Portuguesa, de uma palavra que é única. Uma palavra que não tem igual no mundo, em sentido, em beleza, em força e em significado, tanto no aspecto denotativo como no conotativo. É a palavra SAUDADE. Sua origem é tão misteriosa como o fundo dos mares desbravados pelos lusitanos. Tão bela como a imensidão das florestas brasileiras. Tão cheia de quentura como as terras de Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. São oito os países de Língua Oficial Portuguesa e são quase 250 milhões as pessoas que conhecem o significado da palavra saudade. Na gramática, SAUDADE é substantivo abstrato, tão abstrato que só nós o possuímos. Os outros idiomas têm dificuldade em traduzi-la ou atribuir-lhe um significado preciso. Do latim solitate (soledade, solidão), do árabe saudah ou dos arcaísmos soydade e suydade, o certo é que não é convincente a explicação da etimologia. Seja qual for a matriz de onde saiu esta filha que nos é tão grata, é grande a satisfação e a honra de ter em nosso vocabulário uma palavra que traduz um sentimento que deveria existir no coração de todos os seres humanos.
Obrigada, mestre Jacó, pela honra e satisfação de mais este dueto!
SAUDADE NUNCA MORRE...
Saudade nunca morre… Amadurece
Nos versos do caderno amarelecido,
Nas velhas fotos… E no peito envelhece,
Como se fora um grito de dor, contido.
Saudade não morre… É túmulo da dor
Que permanece no mais fundo de nós,
No último abraço dado com amor,
Na lágrima que faz tremular a voz…
E quando morre pra dar lugar às novas,
Tem na essência, antiga fonte de amor,
Dando-nos em transe o fato que a gerou...
São partes de nós e a dores são provas,
Que nem o tempo ou espaço as domou...
As saudades residem onde Deus aprovou...
Ana Flor do Lácio (quartetos)
Jacó Filho (tercetos)