SONETO AOS VIVENTES

Ó tu, vivente amado, agarra firme a chance

Que em minha natureza a ti foi concedida.

És candidato ainda à verdadeira vida

E tudo eu fiz visando, a quem quiser, o alcance.

De nada importa, ó homem, se és tu bom ou mau:

Eis que te concedi a vida em condição.

Tem mérito quem herda a luz e a perfeição,

Ou culpa, o cego ou coxo em ter nascido tal?

Tudo o que tens, vivente, é uma migalha enfim

De todo amor por ti que está guardado em mim.

Confia que eu te molde e escuta a minha fala.

E quando o Mal morrer por se tornar inútil,

Os verdadeiros vivos vão saber quão fútil

A vida foi pra quem não quis eternizá-la.

Lúcio Gama
Enviado por Lúcio Gama em 30/01/2013
Reeditado em 12/08/2013
Código do texto: T4113287
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