NA ESTRADA DE DAMASCO * FARDO
Carrego a minha dívida de mim,
cumprindo a pena imposta até ao fim.
Da treva ou do mistério donde vim
à treva ou ao mistério que me espera,
espaço e tempo -- a sombra de Caim,
intemporal, persiste e dilacera...
E tudo é feio e gélido e ruim.
O inútil acontece e desespera.
Morreram os canteiros no jardim,
em maldição estéril e severa.
Que espírito ou desígnio de Eloim,
por sobre os ares paira e o sonho gera?
O sonho ensanguentado de Caim,
que nem remorso ou prece regenera...
José-Augusto de Carvalho
Moita (B.B.), 7 de Julho de 1995.