SOU FELIZ QUANDO DURMO

À noite tomo meus tranqüilizantes

Depois posso dormir sem oração

E são azuis meus últimos instantes

Quando me perco na crua solidão

Mais inocente que um pobre pagão

Passeio pelas mãos de mil bacantes

Feliz por merecer o duro pão

Dentro do sonho não há comerciantes

Então me telefona um novo dia

Estou vivo e me dizem que isto é sorte

Um cínico cartaz me diz: sorria

Desculpe, mas trabalho, meu Senhor

Faço por merecer a minha morte

Sequer vivi na vida um grande amor