CANÇÃO DO VENTO
O vento é doce dádiva que afaga,
entra às narinas pela respiração,
é sopro divino, vida da Criação
que o sol não queima, chuva não apaga.
Voz que penetra como uma espada,
traz de longe o cheiro da inspiração,
e como o sentimento do coração,
corta o peito como uma adaga.
E correndo num passeio sem fim,
espalha a semente, fecunda as flores,
sem saber de onde vem, aonde há de ir.
E eu esperando que me leve as dores
e, mesmo sem saber de onde há de vir,
traga-me nova paz e novos amores.