soneto efêmero
Nossa existência é efêmera, um floco de neve sob o sol.
Ao tempo indelével de estrelas, indecência em um rol.
O que me passa enquanto passa o tempo é alegoria.
Sentido intoxicado, inchado, ouve uma só sinfonia.
Há um tempo, cobiçado, como vinho ávido por carvalho.
Escoltados no mundo do muito pequeno, qual retalho.
Recorte de um artesão que engendra semelhantes
Constante sem saber, nesta redoma itinerante.
Não tens presente, impuro, o que pensas será futuro.
Na fração do tempo pensado o que vedes é passado.
Assim está dito, prescrito, subscrito, consumado.
Espero partir para o mundo do muito grande, desconjuro.
Passagem nas mãos, sem possibilidade de abortar, cassado.
Assim está destinado, reforçado, olvidado, ultrapassado.