É mole?
Tecer uns versos ao cotidiano
Onde a tristeza brinca com a saudade,
São cousas corriqueiras da cidade,
Alegria e também o desengano.
Dizer que o dia, agora, a noite invade
E a noite a viajar voos sem planos
Bares e chopes a atiçarem fulanos
A deixarem nos cabarés, caridades.
Falar em versos, dizer em poemas
Temas assim, poeta e tais dilemas,
Duras verdades, seja como seja
Versando o que acontece, o que se veja,
Mas, desolado o verso já nem quer dizer
Dos dias ruins que teme acontecer.
JRPalácio
Acaso é exigência do poema,temas
Aonde não coubesse os triviais da vida?
A dor e o cansaço que resulta a lida
Desilusão, abortos e as algemas?
Acaso há exigência de outros lemas
Que a um mortal comum não se valida
Enfileirar seus versos de vencida
Sem nada que os arribe em teoremas?
Se assim se faz aos pés calco essa sina
Soluços que eu chorar faço em surdina
De que me serve a pena e a lavra inútil?
Me dispo da cortina do que é sútil...
Nessa nudez do belo a biografia
Que espelhe a minha tez, sem mais poesia...
Ana Gazzaneo