É mole?

Tecer uns versos ao cotidiano

Onde a tristeza brinca com a saudade,

São cousas corriqueiras da cidade,

Alegria e também o desengano.

Dizer que o dia, agora, a noite invade

E a noite a viajar voos sem planos

Bares e chopes a atiçarem fulanos

A deixarem nos cabarés, caridades.

Falar em versos, dizer em poemas

Temas assim, poeta e tais dilemas,

Duras verdades, seja como seja

Versando o que acontece, o que se veja,

Mas, desolado o verso já nem quer dizer

Dos dias ruins que teme acontecer.

JRPalácio

Acaso é exigência do poema,temas

Aonde não coubesse os triviais da vida?

A dor e o cansaço que resulta a lida

Desilusão, abortos e as algemas?

Acaso há exigência de outros lemas

Que a um mortal comum não se valida

Enfileirar seus versos de vencida

Sem nada que os arribe em teoremas?

Se assim se faz aos pés calco essa sina

Soluços que eu chorar faço em surdina

De que me serve a pena e a lavra inútil?

Me dispo da cortina do que é sútil...

Nessa nudez do belo a biografia

Que espelhe a minha tez, sem mais poesia...

Ana Gazzaneo

JRPalacio
Enviado por JRPalacio em 20/01/2013
Reeditado em 24/01/2013
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