Penso, logo desisto

Como da noite a chuva cai na telha

Formando o coro num sinistro canto;

Eu, na varanda, escuto e bebo o pranto

Que o céu derrama sobre a laje velha.

Minh'alma vaga e veste o breu. Se espelha

No céu noturno que conheço tanto;

Eu visto a malha do sidéreo manto

Que com a lua, aos poucos, se assemelha.

Torno-me pálido e meditativo;

Repito a prece que aprendi na infância…

Que me ensinava ser a vida justa!

Fito o meu leito tão convidativo;

Seguro a Cruz, mas juro: me traz ânsia.

Viver na Terra é duro e muito custa.

18 de Janeiro de 2013