Berlinda
Edir Pina de Barros
Olhei-te feito quem jamais te houvesse visto,
sentindo, dentro em mim, vazio sem igual,
a exata sensação de um golpe vil, fatal,
de alguma grande dor, sangria ou imprevisto;
senti-me como um peso, em tua vida, um quisto,
a fonte de um penar, o centro de algum mal,
princípio de algum fim, um tenebroso umbral,
dos males o maior, ou muito mais que isto.
Jamais entenderás - por ser intraduzível -
o quanto padeci calada no meu canto,
do mal que me causou, e que me causa ainda.
Contudo, sei dizer do sentimento horrível,
da enorme solidão e mais profundo espanto
de quem se sente exposta à mais cruel berlinda.
Livro: ESTILHAÇOS, pg. 51
Tela: A. Cabanel
Edir Pina de Barros
Olhei-te feito quem jamais te houvesse visto,
sentindo, dentro em mim, vazio sem igual,
a exata sensação de um golpe vil, fatal,
de alguma grande dor, sangria ou imprevisto;
senti-me como um peso, em tua vida, um quisto,
a fonte de um penar, o centro de algum mal,
princípio de algum fim, um tenebroso umbral,
dos males o maior, ou muito mais que isto.
Jamais entenderás - por ser intraduzível -
o quanto padeci calada no meu canto,
do mal que me causou, e que me causa ainda.
Contudo, sei dizer do sentimento horrível,
da enorme solidão e mais profundo espanto
de quem se sente exposta à mais cruel berlinda.
Livro: ESTILHAÇOS, pg. 51
Tela: A. Cabanel