A voz do pecado
Ouço, em risco, a voz que me vem dizer
Que o amor me escolheu sem demora
E fez surgir um ardor que me aflora
Na alma um desejo, a me entorpecer
Me dizendo, em sussurros, breves palavras
Essa voz se fez como um vento quente
Ditando regras, tão vis e eloquentes
Tornando minh’alma uma audível escrava
Meus ouvidos, cansados, de tantas vozes
De tantos lamentos, de gritos ferozes
Já não mais aguentam essa voz louca
Mas ao elevar minha atenção ao extremo
Notei uma coisa, a que mais eu temo
Essa voz saindo de sua vermelha boca
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Esse poema foi originalmente publicado no livro "Um lugar para dizer adeus"