A BUSCA DO POETA
Poetar é labuta tortuosa
Este tropel de ilusão que a alma
Desvelada cultua
Remoendo sonhos,
Essa mania estranha
De fingir que a dor
Que lhe dói não é sua
Escravo do amor
(Que às vezes, nem existe)
De tudo o que a ele propicia
Caminha pela terra
Sonha com a lua
Trilha os descaminhos
Do amor que lhe escapa
Sempre de forma tão crua
Segue o destino
Indisfarçável,
Às vezes, cruel
Sua razão de vida
é buscar o impossível
De encontrar na terra
O que talvez
Só exista no céu
Cavalga brumas
De angustia
Cruza nevoeiros
De desalento
No entanto, sempre acredita
Assim lança suas velas ao mar
Sua única esperança
São as pobres palavras
Inutilmente
Jogadas ao vento!