Soneto de um senhor abandonado
*Imaginei um personagem de 85 anos, abandonado ao tempo, definhando num asilo...
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Destino meu... Sem filhos, neste asilo
Definho... Enquanto o tempo tão inerme
Castiga minha histórica epiderme...
Consolo-me com cânticos de grilo!
Às tardes, lembro aquele som tranquilo
Que vinha como um falso e bruto verme
Da gaita audaz paterna que, ao querer-me,
Batia no meu peito... Sem parti-lo!
Amigos, esqueci que nossa vida
Existe e, de repente, vira espanto:
Os ventos deste tempo nunca morrem!
Agora, ou lembro a infância tão querida...
Ou fico a derramar um doce pranto:
Lembrança e pranto sempre me socorrem!
14/01/2013