Da eterna visão do adeus
"Branca e aromal; alva, quase de cera"
Quintiniano
Num dia melancólico de Outono
Sob o arrebol de fogo, e a brisa leve;
Tu vinhas tão sem cor, tal como a neve,
Co'a face angelical, cheia de sono.
A relva era o teu manto, a terra o trono;
— E Deus por te criar, nada mais deve —
Passaste como um sopro manso e breve
Rumando para o além; e eu no abandono.
O céu ardente… a cópia do meu peito
Ao ver-te assaz morrente no atro leito;
Já nem sequer fitava-me, por fim…
Mas hoje… longos anos da partida,
Ainda posso ver-te, assim, querida:
Na forma duma estátua de marfim.
14 de Janeiro de 2013