Soneto de uma espera triste
Brada o pranto taciturno
Transformando em pétala orvalhada
Pela triste gota derramada,
O semblante imerso em breu noturno.
É que chora a esposa consternada
sufocando a voz do próprio peito
porquanto reparte o quieto leito
Com figura honesta e fadigada.
Sofre por não ter por este o amor
Que consagra, muda, a outro ser
Tragando calada o fel da dor.
E por ser cativa de tal sorte
Decidiu, a pobre, que viver
É quiçá, liberta, dar-se à morte.