Soneto de uma espera triste

Brada o pranto taciturno

Transformando em pétala orvalhada

Pela triste gota derramada,

O semblante imerso em breu noturno.

É que chora a esposa consternada

sufocando a voz do próprio peito

porquanto reparte o quieto leito

Com figura honesta e fadigada.

Sofre por não ter por este o amor

Que consagra, muda, a outro ser

Tragando calada o fel da dor.

E por ser cativa de tal sorte

Decidiu, a pobre, que viver

É quiçá, liberta, dar-se à morte.

Orpheus
Enviado por Orpheus em 11/03/2007
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