Cântico à loucura
Neguei o mel de amar e definhei suas flores.
Aos poucos me vi afogando no cálice do medo.
Perdi e me prendi ao desejo de ter assas
e me achei não querendo mais voar.
Nutri-me de ilusões que via e sonhava
sempre escondendo a ironia contida no pavor.
A pobre alma sonâmbula vaga no vale da loucura
chorando ventos e ventando lágrimas.
Tendo sempre em mente ideias mortuárias
que acendiam como pirilampos conturbados
e as olheiras, carregadas pelo fel de viver e perambular
como estrelas decadentes. Sem brilho, sem luz.
Os pés falham no andar, onde o chão sucumbe;
pisam em falso. Afinal o que vem depois da loucura?
Ora... se soubéssemos, loucos não seríamos.