"Grave o meu nome no seu coração e no anel que está no seu dedo. O amor é tão poderoso como a morte; e a paixão é tão forte como a sepultura."
(Cantares de Salomão 8:6)
Estes versos são presos, escravos da métrica
Cubículo xadrez com o passo cardíaco
Cárceres da medida, pena matemática
Reféns da minha lida, medida, zodíaco
Estes versos são servos da rima cromática
São clausura sonora do ritmo maníaco
Não possuem alvura, na cela sintática
Um caco que ressoa, no canto prosódico
Percebes que sou mártir, preferi as cadeias
E a trinca que me rende sempre está aberta?
Livre, sou de ninguém; preso, tu me encandeias
Eu suplico a ti algoz: faze-me a pena certa
Para uma liga solta, vela minhas veias
E farei do soneto uma ode em linha reta.
Sempre vi os sonetos como maravilhosas gaiolas de ouro, onde um pássaro belíssimo canta uma melodia encantadora. Ao mesmo tempo que tenho admiração, me sinto condoído com ave que está presa, porém sei que ela livre não me propiciaria a melodia. Bom, tive que entrar nessa gaiola para ver como é, por isso criei este meu primeiro soneto.
Créditos da imagem: Birdcage de Nicoletta Ceccoli