Ode em Linha Reta     

 
Para ILD. 


   "Grave o meu nome no seu coração e no anel que está no seu dedo. O amor é tão poderoso como a morte; e a paixão é tão forte como a sepultura."
(Cantares de Salomão 8:6)

 

  Estes versos são presos, escravos da métrica

Cubículo xadrez com o passo cardíaco

Cárceres da medida, pena matemática

Reféns da minha lida, medida, zodíaco

 

Estes versos são servos da rima cromática

São clausura sonora do ritmo maníaco

Não possuem alvura, na cela sintática     

Um caco que ressoa, no canto prosódico

 

Percebes que sou mártir, preferi as cadeias

E a trinca que me rende sempre está aberta?

Livre, sou de ninguém; preso, tu me encandeias

 

Eu suplico a ti algoz: faze-me a pena certa

Para uma liga solta, vela minhas veias

E farei do soneto uma ode em linha reta.
 

Sempre vi os sonetos como maravilhosas gaiolas de ouro, onde um pássaro belíssimo canta uma melodia encantadora. Ao mesmo tempo que tenho admiração, me sinto condoído com ave que está presa, porém sei que ela livre não me propiciaria a melodia. Bom, tive que entrar nessa gaiola para ver como é, por isso criei este meu primeiro soneto.

Créditos da imagem: Birdcage de Nicoletta Ceccoli

Well Coelho
Enviado por Well Coelho em 12/01/2013
Reeditado em 13/01/2013
Código do texto: T4080658
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