Penado amor
O que seria da vida então, sem o amor penado
Se não fosse a ausência, que presente devora
Quando se dá os dias, lembranças da mente afora
Onde o amar se fez vida, pensou-se ter achado
O que seria então das palavras por amor enfermas
Que nasceram destas mágoas, dita lembrança
Que no ser rebenta, então ensebas, as mesmas
E chamas o inferno efectivo de “Esperança”
O que seria dos tais, apregoados entre o tempo
Que acreditaram nesta flor que jamais nasceu
E que a cada dia pobre, chamaram-nos: Sonhador
Foram amantes, sem perceber aos dias não sendo
No canto se fez cego ao esto, do amar esqueceu
E deram-se a estes dias malogrados, escuso amor.